O encontro com Os Fabelmans (The Fabelmans, 2022) ficou colado ao fim de um ano difícil. Foi ontem à noite, numa sala de cinema esparsamente ocupada. É um filme para rever e estudar com tempo. O que fica, por agora, é o modo como toca no fascínio primordial do cinema e das suas imagens em movimento, porta de entrada para universos aos quais nos recolhemos (nós que temos esta doença benigna chamada cinefilia), não para escaparmos ou fugirmos, mas para ganharmos distância, vermos de outra forma, fazermos sentido do mundo e da vida. Tudo tão pessoal como universal. Quem se deslocou a uma sala para ver o filme foi brindado com uma introdução em tom de agradecimento do realizador Steven Spielberg. Eis um gesto bonito e generoso de um cineasta, que valoriza a experiência social do cinema projectado num grande ecrã, numa sala escura. O cinema só morrerá quando a pulsante humanidade que nele e dele se projecta desaparecer.
A Música da Casa
Hoje no “Avante!”: um texto crítico meu sobre O Trio em Mi Bemol (2022) de Rita Azevedo Gomes. “A Música da Casa” está disponível aqui.
“Deus Fora de Portas”: Apresentação como Membro do Júri
Foi divulgado uma breve nota biográfica, menos formal, para a minha apresentação como membro do júri da Mostra Internacional de Curtas-Metragens “Deus Fora de Portas”. Eis o que escrevi:
Apaixonou-se pelo cinema na juventude e esse entusiasmo intenso nunca mais o abandonou. Para ele, através do cinema, a humanidade encontrou uma forma artística para olhar e imaginar o movimento do mundo e das sociedades, a sua diversidade, a injustiça e a compaixão, o desprezo e a amizade.
Natural de Alvalade, Lisboa, começou por estudar arquitetura, mas sempre com um olho no cinema. Estudou cinema durante mais de 4 anos no Reino Unido.
É feliz como professor e investigador de cinema na Universidade de Coimbra, mas também na Universidade Católica Portuguesa e na Universidade Nova de Lisboa.
Desenvolve projetos internacionais sobre o cinema português no período democrático e o papel do cinema no diálogo interreligioso, entre outros. Foi presidente da AIM - Associação de Investigadores da Imagem em Movimento.
O Homem da Câmara de Filmar: Um Olhar Visionário
Aproveitando o lançamento do dossiê pedagógico que assinei para o Plano Nacional de Cinema sobre O Homem da Câmara de Filmar (Liudyna z Kinoaparatom/Chelovek s kino-apparatom, 1929), compus um artigo para o AbrilAbril, “O Homem da Câmara de Filmar: Um Olhar Visionário”, que pode ser lido aqui.
Religion and the Working Class in Film:
“How Do Working-Class People in China Comment on Chinese-Language Buddhist Films?” by Zhentao Sun
The first article of the special issue “Religion and the Working Class in Film”, which I’m editing for the journal Religions, is now available: “How Do Working-Class People in China Comment on Chinese-Language Buddhist Films?” by Zhentao Sun (Huaqiao University, China). If you’re interested in and doing research on these topics, please submit.
O Homem da Câmara de Filmar / Dziga Vertov
Foi ontem publicado o dossiê pedagógico sobre O Homem da Câmara de Filmar (Liudyna z Kinoaparatom/Chelovek s kino-apparatom, 1929), realizado por Dziga Vertov, que elaborei para o Plano Nacional de Cinema (PNC). Trata-se de um manual para ser usado nas escolas secundárias, por isso devia ser facilmente compreensível e ter um carácter prático, mas sem deixar de fazer justiça à obra-prima absoluta de Vertov. O dossiê é o número 36 da colecção do PNC, que inclui muitos excelentes trabalhos, e pode ser lido e descarregado aqui.
COREnet
Sou agora membro da “COREnet: Connecting Theory and Practical Issues of Migration and Religious Diversity”. Pertenço ao grupo de trabalho “Narratives of Migration through the Lenses of Religious/Non-religious Beliefs”. A “COREnet” é uma rede interdisciplinar que integra investigadores de 33 países, com financiamento da União Europeia através da COST - Cooperação Europeia em Ciência e Tecnologia.
A Transcendência do Ecrã #8
O ciclo de 12 seminários com o título “A Transcendência do Ecrã” procura investigar expressões do religioso no cinema português, abordando revisitações cristãs, traçando itinerários de leitura, e tateando fronteiras incertas. Os seminários são coordenados por Maria do Rosário Lupi Bello (UAb/CECC-UCP) e Sérgio Dias Branco (UC/CEIS20).
Os pedidos de inscrição devem ser dirigidos para:sdiasbranco@fl.uc.pt
Mais informação sobre o projecto FID: Film and Interreligious Dialogue aqui.
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Saramago e o Cinema
Ensaio sobre a Cegueira (Blindness, 2008).
A propósito da celebração do centenário de José Saramago, no próximo dia 16 de Novembro, o Plano Nacional de Cinema promove a uma Semana do Centenário de José Saramago, de 14 a 18 de Novembro, nas escolas, com um programa de actividades que inclui uma sessão online e o visionamento de um documentário através da plataforma streaming.
No dia 14 decorrerá a sessão online para professores, entre as 17h e as 20h (inscrições já fechadas). A sessão terá início com uma comunicação minha com o título “Saramago e o Cinema”. Seguir-se-á uma conversa com Miguel Gonçalves Mendes, realizador de José e Pilar (2010) e Pilar del Rio, viúva do escritor, jornalista, e Presidenta da Fundação José Saramago. José e Pilar estará disponível em todas as escolas PNC, através da plataforma streaming.
“Deus Fora de Portas”
Foi apresentada no passado sábado a Mostra Internacional de Curtas-Metragens “Deus Fora de Portas”, promovido pelo Luiza Andaluz Centro de Conhecimento (LA CC) por ocasião do Dia Mundial do Cinema, que se comemora a 5 de novembro, e da realização em Portugal da Jornada Mundial da Juventude em 2023. O LA CC é um espaço contemporâneo e de vanguarda, que procura encontrar novas linguagens para expressar o rosto de Deus, um projeto a Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima. Os filmes serão conhecidos e exibidos durante a Jornada Mundial da Juventude, dividos nas seguintes categorias:
• Melhor Curta-Metragem de ficção ou documentário;
• Melhor Curta-Metragem de animação;
• Melhor Curta-Metragem experimental;
• Melhor Curta-Metragem “Cidade de Lisboa”;
• Melhor Curta-Metragem portuguesa.
Fui convidado a integrar o júri desta mostra e aceitei com muito gosto. Os filmes submetidos serão avaliados e pontuados consoante a sua qualidade, originalidade, universalidade e o enquadramento no tema da Mostra.
O regulamento está disponível aqui.
As submissões podem ser feitas aqui.
Um Espectro pela Europa
De 28 a 30 de Novembro, realiza-se um encontro centífico no Colégio Almada Negreiros, Universidade Nova de Lisboa, pensado pelo José Bértolo e organizado no âmbito do Instituto de Estudos de Literatura Tradicional, com o título genérico Cinema Português: Uma História de Fantasmas. Participarei no último dia com uma comunicação intitulada “Um Espectro pela Europa: Transe (2006) de Teresa Villaverde”.
Conversa sobre O Perdão
No próximo dia 24 de Novembro, às 21h, estarei na Casa do Cinema de Coimbra para conversar sobre o filme O Perdão (Ghasideyeh gave sefid, 2020) de Maryam Moghadam e Behtash Sanaeeha, com o juiz Joaquim Oliveira Martins. Caberá ao juiz André Alves moderar a conversa. Esta sessão integra o ciclo “Cinema e Direito”, que decorre entre Setembro e Novembro na Casa do Cinema de Coimbra, co-organizado pela Direção Regional de Coimbra do Sindicato dos Magistrados do Ministério Púbico, pela Direção Regional do Centro da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, pelo Conselho Regional de Coimbra, Centro da Ordem dos Advogados, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e pelos Caminhos do Cinema Português. Entrada livre.
Merciful Hope
The conference Artes, Literatura e Cultura: Uma Perspetiva Religiosa (Arts, Literature and Culture: A Religious Perspective), organised by the Research Centre for Communication and Culture of the Catholic University of Portugal, will take place between 15 and 16 November. My paper “Merciful Hope: A Theological Reading of Silent Light (2007)” has been included in the workshop discussion on the second day. Here is the abstract:
Theology distinguishes between cardinal virtues and theological virtues. Cardinal virtues, as the adjective indicates, are main or fundamental virtues. No wonder, therefore, that Christianity does not claim to have discovered or articulated them. We already find them, for example, in Plato’s Republic as values: prudence (prudentia), justice (justitia), fortitude (fortitudo), and temperance (temperantia). Fathers of the Church like Ambrose, Jerome, Augustine, and Gregory developed these virtues in a Christian perspective. But the theological virtues are not humanly acquired, but divinely infused. As Thomas Aquinas wrote in his Summa Theologica: “These virtues are called Divine, not as though God were virtuous by reason of them, but because of them God makes us virtuous, and directs us to Himself.” Hope (spes) is one of the three theological virtues, along with faith (fidei) and love (caritas).This paper is part of a more general research on the representation of theological virtues in contemporary cinema. I argue that hope must be placed in the daily existence of characters for it to become a virtue that allows human life to partake in divine life. Hope can be defined as desiring God and foreseeing union with God. In Silent Light (Stellet Licht, 2007), directed by Mexican Carlos Reygadas, where a married man commits adultery in a Mennonite community, hope appears connected with mercy. Other relevant aspects that frame human drama in the film are the importance of nature and physicality. The natural is the place where the supernatural irrupts and a strong physical dimension allows for expressing the convulsions of the spirit.
Beat Film
The conference Kerouac 100 takes place tomorrow at the Faculty of Arts and Humanities of the University of Coimbra. It aims at celebrating the centenary of Jack Kerouac (1922-1969), one of the greatest writers of the Beat Generation. The program is available here. I‘m presenting a paper with the title “Beat Film: Jack Kerouac’s Writing and Reading for the Screen in Pull My Daisy (1959)”, with the following abstract:
Directed by photographer Robert Frank, author of the book The Americans (1958), and painter Alfred Leslie, Pull My Daisy (1959) gathers some of the most important artists of the Beat Generation and their companions — poets Allen Ginsberg, Peter Orlovsky and Gregory Corso, painters Larry Rivers and Alice Neel, musician David Amram, art dealer Richard Bellamy, actress Delphine Seyrig, dancer Sally Gross, and Pablo Frank, Robert’s son. Jack Kerouac wrote and read the text that we hear in this short film. This literary composition was, in fact, adapted from the third act of his play, Beat Generation or The New Amaraean Church. The film’s title comes from the poem “Pull My Daisy”, written by Ginsberg, Kerouac and Neal Cassady in the late 1940s. Part of this original poem was used as a lyric in Amram’s jazz composition that opens the film. My aim in this paper is to analyse these elements and the aesthetic qualities of this work, by focusing on the film’s improvisational tone as well as the autobiographical elements of Kerouac’s text, such as his Catholic spirituality.
Quatro Semana com Saramago no Cinema
Terminou hoje o “Ciclo Saramago” na Casa do Cinema de Coimbra, que o co-organizou com o Partido Comunista Português e o apoio da Fundação José Saramago. O Tiago Santos agradeceu-me na última sessão de hoje e eu devolvi o agradecimento no último comentário que fiz, sobre os filmes que mostrámos hoje: A Maior Flor do Mundo (A Flor máis grande do mundo, 2007) de Juan Pablo Etcheverry e José e Pilar (2010) de Miguel Gonçalves Mendes. Durante quatro semanas tivemos conversas e comentários em torno dos filmes que integraram o ciclo, valorizando a criatividade e universalidade da obra literária de Saramago e a sua intervenção política como intelectual comunista. Obrigado a quem nos foi acompanhando neste percurso.
Apresentação de Accattone
Duas propostas imperdíveis do cinema italiano, este fim-de-semana na Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão. Hoje, um Antonioni, O Grito (Il grido, 1957), com apresentação do Abílio Hernandez. Amanhã, um Pasolini, Accattone (1961), com apresentação minha. Mais informações aqui.
As Raízes do Território
O número do jornal “Avante!” de hoje inclui um artigo meu, com o título “As Raízes do Território”, sobre A Jangada de Pedra (La balsa de piedra, 2002) de George Sluizer. Está disponível aqui.
A Transcendência do Ecrã #7
O ciclo de 12 seminários com o título “A Transcendência do Ecrã” procura investigar expressões do religioso no cinema português, abordando revisitações cristãs, traçando itinerários de leitura, e tateando fronteiras incertas. Os seminários são coordenados por Maria do Rosário Lupi Bello (UAb/CECC-UCP) e Sérgio Dias Branco (UC/CEIS20).
Os pedidos de inscrição devem ser dirigidos para:sdiasbranco@fl.uc.pt
Mais informação sobre o projecto FID: Film and Interreligious Dialogue aqui.
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Artigo sobre o Ciclo Saramago
O “Ciclo Saramago” decorre entre 24 de Setembro e 15 de Outubro e conta com cinco sessões comentadas por mim e pessoas convidadas. A iniciativa foi organizada pela Casa do Cinema de Coimbra, em colaboração com o Partido Comunista Português e a Fundação José Saramago. Este artigo sobre o ciclo, publicado no Gerador, contém excertos de uma entrevista que a jornalista Débora Cruz me fez.
CFP Cinema e Materialidades - XII Conferência Internacional da AIM
A coordenação do GT Cinema e Materialidades propõe que as propostas de comunicação se foquem no tópico geral “Cinema e Materialidades: Abordagens Metodológicas”, independentemente de poderem ser aceites comunicações fora deste âmbito temático.
“Cinema e Materialidades: Abordagens Metodológicas” identifica um campo de processos, análises, interrogações em torno das metodologias para investigar as materialidades do cinema.
Sugestão de tópicos:
- o cinema como produção material;
- processos criativos e etapas de desenvolvimento de obras audiovisuais;
- análise fílmica com um foco nas matérias trabalhadas pelo cinema;
- relações entre a escrita de argumento, original ou adaptado, e o filme;
- a construção fílmica a partir de elementos da mise-en-scène (cenário, vestuário, adereços, maquilhagem, iluminação, e performance), da fotografia, do som, e da montagem;
- censura e autocensura no processo criativo;
- crítica genética e formas de criação nas artes tradicionais e nas obras audiovisuais;
- diversidade de processos criativos e diferentes formas fílmicas como o vídeo-ensaio;
- ligações entre a tecnologia e a criação cinematográfica;
- novas materialidades da arte digital;
- arqueologia dos dispositivos da imagem em movimento;
- preservação e restauro, curadoria e exposição da materialidade dos meios artísticos;
- teorias da materialidade e fenomenologia.
As propostas de comunicação devem ser submetidas através de formulário próprio.
Em caso de dúvidas sobre este call interno da AIM, contactar: Caterina Cucinotta (caterinacucinotta@fcsh.unl.pt), Sérgio Dias Branco (sdiasbranco@fl.uc.pt), ou Alfonso Palazón (alfonsopalazon@gmail.com).
Religion and the Working Class in Film
I’m editing a special issue of the journal Religions (Scopus Q1) with the title “Religion and the Working Class in Film”. The call for papers is available here and we accept submissions until 1 March 2023.
Ciclo Saramago
A Casa do Cinema de Coimbra e o Partido Comunista Português, em colaboração com a Fundação José Saramago, comemoram o centenário de José Saramago em cinco sessões comentadas.
Estes filmes, quatro adaptações de textos literários do escritor e um documentário, contribuem para a divulgação e o debate em torno da obra de um militante comunista, escritor universal da língua portuguesa e um dos mais destacados intelectuais comprometidos do Portugal democrático, pós-25 de Abril de 1974.
A relação de Saramago com o cinema deu origem a objetos atravessados pelo seu olhar sensível, penetrante, inquieto, crítico, profundamente humano, atento aos explorados e injustiçados da terra, sobre a história e o estado do mundo. Da literatura ao cinema, permanece a ideia da cultura como exercício livre da criatividade, com um assumido valor humanista.
Eis o programa.
Sáb., 24 Set., 18h
O Homem Duplicado de Denis Villeneuve (2013)
+ Conversa pós-filme de Sérgio Dias Branco com Inês Carvalho (Faculdade de Letras, Universidade do Porto)
Sáb., 1 Out., 18h
Embargo de António Ferreira (2010)
+ Conversa pós-filme do realizador e da actriz Cláudia Carvalho com Sérgio Dias Branco
Sáb., 8 Out., 18h
A Jangada de Pedra de George Sluizer (2002)
+ Comentário pós-filme de Sérgio Dias Branco
Sáb., 15 Out., 15h
A Maior Flor do Mundo de Juan Pablo Etcheverry (2007), incluído na “Matiné Infantil Mensal”
+ Comentário pós-filme de Sérgio Dias Branco
Sáb., 15 Out., 18h
José e Pilar de Miguel Gonçalves Mendes (2010)
+ Comentário pós-filme de Sérgio Dias Branco
XII Congresso Internacional da AIM
O XII Congresso Internacional da Associação de Investigadores da Imagem em Movimento (AIM) terá lugar entre os dias 30 de Maio e 3 de Junho de 2023 na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). O formato deste novo congresso será híbrido, com dois dias de actividades à distância (30 e 31 de maio) e três dias de actividades presenciais (1-3 de junho). É uma organização conjunta entre a AIM e a UTAD.
Este será o primeiro encontro da AIM em que não terei funções nos órgaõs sociais da associação e participarei como um dos responsáveis do GT Cinema e Materialidades, com a Caterina Cuccinotta (IHC/Universidade Rei Juan Carlos) e o Alfonso Palazón (Universidade Rei Juan Carlos). A chamada de trabalhos para painéis do nosso GT será lançada em breve.
Cinema Deste Tempo e das Suas Lutas
O meu artigo sobre a edição deste ano do CineAvante! está disponível aqui. Um agradecimento pessoal a quem apresentou filmes e ainda teve disponibilidade para conversar um pouco comigo.
The Table of Division
The Last Supper (La última cena).
The XXV Annual Conference of the Centre for Research on Cuba - Cuba Research Forum, based at the University of Nottingham, started yesterday. Tomorrow I‘m presenting a paper at this gathering with the title “The Table of Division: Class and Christianity in The Last Supper (1976)”.
Cinema e Classe Trabalhadora, Perspectivas Unidas
A Fotografia Rasgada (La Photo déchirée - Chronique d‘une émigration clandestine, 2002).
Contribuí para o número mais recente do Caderno Vermelho: Revista do Sector Intelectual da Organização Regional de Lisboa do PCP, com o artigo “Cinema e Classe Trabalhadora, Perspectivas Unidas”. Obrigado ao André Levy e restantes camaradas de Lisboa por este convite. Esta publicação anual pode ser comprada nos Centros de Trabalho do PCP localizados na capital do país.
Cinema Atento ao Mundo
Escrevi um pequeno texto informativo sobre a programação deste ano do CineAvante!, a mostra de cinema da Festa do Avante!, para o AbrilAbril. “Cinema Atento ao Mundo” pode ser lido aqui.
Os Pobres Não Têm Direito a Olhar para o Rio
O número do jornal “Avante!” saído hoje inclui um artigo meu sobre o documentário A Nossa Terra, O Nosso Altar (2020) de André Guiomar. Dei-lhe o título “Os Pobres Não Têm Direito a Olhar para o Rio”. Está disponível aqui.
Conversa com André Guiomar
Sexta-feira, dia 29, converso com o realizador André Guiomar sobre o seu magnífico A Nossa Terra, O Nosso Altar (2020), às 18h, na Casa do Cinema de Coimbra. Apareçam!
A Transcendência do Ecrã #6
O ciclo de 12 seminários com o título “A Transcendência do Ecrã” procura investigar expressões do religioso no cinema português, abordando revisitações cristãs, traçando itinerários de leitura, e tateando fronteiras incertas. Os seminários são coordenados por Maria do Rosário Lupi Bello (UAb/CECC-UCP) e Sérgio Dias Branco (UC/CEIS20).
Os pedidos de inscrição devem ser dirigidos para:sdiasbranco@fl.uc.pt
Mais informação sobre o projecto FID: Film and Interreligious Dialogue aqui.
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The Mistake of Sneezing
Parks and Recreation, “The Stakeout” (2.02).
There is a moment from the sitcom Parks and Recreation (2009-15), created by Greg Daniels and Michael Schur, that is exemplary of the staging of action ans stillness in the series. Ron Swanson, played by Nick Offerman, is at the heart of the scene. He is an advocate of libertarianism who is purposely remote and, perhaps contradictorily, serves as the Director of a Parks and Recreation department in Indiana — which, of course, he believes it should not exist. The series is a mockumentary that employs stylistic devices and techniques that have been used in other workplace sitcoms like The Office (2001-5, UK; 2005-13, US) such as hand-held filming and direct sound.
The moment is from the episode “The Stakeout” (2.02). Ron is fixed in his chair. The smallest movement of his body causes excruciating pain because of a hernia that had been bothering him for a while. “I made the mistake of sneezing”, he explains. Since he is usually seated and almost does not move, people do not notice his troubling situation. Leslie Knope (Amy Poehler), the energetic Deputy Director talks to him as if everything is as it usually is. In analysing and interpreting this moment, I call attention to the particular achievements of Offerman’s understated comedic performance. But also to the character’s physical characterisation, between action and stillness, feeling and apathy, mutual help and self-reliance, with a penetrating political dimension.
Such a moment revelas the richness of the sitcom, one of the most popular and neglected forms of televisual art. More broadly, the close stylistic analysis of this moment from Parks and Recreation gives me the opportunity to scrutinise and appraise Greg Daniels’ work as television creator. He had developed the American version of The Office and has been responsible for the animated sitcom King of the Hill (1997-present; with Mike Judge). In Parks and Recreation, he worked with Michael Schur. A distinct aspect of his work in the history of television lies in how it employs the format of the sitcom to frame satire. Satirical comedy makes use of irony and exaggeration in order to be socially and politically critical. Parks and Recreation uses the workplace sitcom to examine the inner workings of the institution that oversees public parks, open space, and community centres, its function in democracy and its connection with the daily lives of Pawnee’s inhabitants (Pawnee is the series’ fictional town in Indiana). Moreover, the series adapts the sketch comedy of Saturday Night Live (1975-present), where Daniels began as a member of the writing staff, to the sitcom genre along with the everyday, often subtle, humour of King of the Hill that paints a portrait of Middle America.
Ilhas de Rocha
O jornal “Avante!” desta semana inclui um artigo meu sobre A Ilha dos Amores (1982) e A Ilha de Moraes (1984) de Paulo Rocha. O texto levou o título “Ilhas de Rocha” e está disponível aqui.
Tempo e Narrativa no Cinema de Manoel de Oliveira
Foi apresentado no XI Encontro Anual da AIM, em Évora, pela autora. Recomendo vivamente este estudo sobre a obra cinematográfica de Manoel de Oliveira a partir do tempo e da narrativa. Foi uma honra para mim aceitar o convite da Maria do Rosário Lupi Bello e assinar o prefácio ao seu livro. Aqui fica o excerto do meu texto que a editora achou por bem destacar:
A estética oliveiriana não se baseia na transparência do registo, mas também não é artificial. É um cinema em permanente construção que desafia o que se pensa como evidente […]. A luminosidade e a escuridão memoriais das origens do cinema habitam‑no e indiciam o que há a (re)descobrir. É o passado e o presente. Através de um foco limitado, necessário para o aprofundamento, este livro tem a grande virtude de nos dar a conhecer esta consciência do tempo que provém do trabalho criativo sobre a narrativa fílmica nos filmes de Oliveira.
Fé Persuadida
O programa do Colóquio da ReliMM - A Religião nas Múltiplas Modernidades, 30 de Junho a 1 de Julho no Instituto de Sociologia da Universidade do Porto já é público. Participo no painel “Religião, Imagem, Arquitetura e Comunicação”, moderado por Alex Villas Boas. A minha comunicação tem o título: “Fé Persuadida: Uma Leitura Teológica de Lourdes (2009)”. Eis o resumo:
Como uma das três virtudes teologais, a fé (fidei) é concebida na teologia cristã como infundida em vez de adquirida. Tal como a esperança (spes) e a caridade (caritas), a fé tem Deus como origem, motivo, e objecto. O entendimento teológico é o de que, através dela, os seres humanos podem unir-se a Deus e participar ativamente na vida divina trinitária. Mas, para São Tomás de Aquino, mesmo uma virtude infundida — isto é, causada por Deus sem a nossa ação —, necessita do nosso consentimento para ser eficaz e produzir efeito. Esta comunicação apresenta uma leitura teológica do filme Lourdes (2009), realizado por Jessica Hausner, que permite desenvolver estas reflexões, porque se trata de um exemplo significativo de representação da fé como virtude teologal no cinema contemporâneo. A narrativa segue uma jovem chamada Christine (Sylvie Testud), que sofre de esclerose múltipla grave, numa peregrinação católica ao Santuário de Nossa Senhora de Lourdes em França. O percurso da personagem em torno da sua possível cura, os seus momentos de meditação, as suas interações com outras personagens, mostram a fé humanamente vivida, oscilando entre a incerteza e a confiança. O consentimento humano decide-se nesta oscilação, que a obra associa à possibilidade de persuasão.
O Cinema como uma Educação Social dos Sentidos
Escapou-me esta recensão ao meu livro “O Trabalho das Imagens: Estudos sobre Cinema e Marxismo” (Lisboa: Página a Página, 2020), escrita por Jesús Ramé López (Universidade Rei Juan Carlos) e publicada na Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento. Obrigado pela dica, Caterina Cucinotta! Só posso agradecer esta leitura muito atenta e perspicaz, centrada numa das ideias desenvolvidas no livro: o cinema como educação social dos sentidos. Quem sabe se este texto não iniciou um diálogo entre nós que pode dar frutos científicos no futuro.
A Transcendência do Ecrã #5
O ciclo de 12 seminários com o título “A Transcendência do Ecrã” procura investigar expressões do religioso no cinema português, abordando revisitações cristãs, traçando itinerários de leitura, e tateando fronteiras incertas. Os seminários são coordenados por Maria do Rosário Lupi Bello (UAb/CECC-UCP) e Sérgio Dias Branco (UC/CEIS20).
Os pedidos de inscrição devem ser dirigidos para:sdiasbranco@fl.uc.pt
Mais informação sobre o projecto FID: Film and Interreligious Dialogue aqui.
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Elogio de um Género Político
No próximo sábado, apresento uma comunicação no XI Encontro Anual AIM com o título “Elogio de um Género Político: Foge (2017) e o Cinema de Terror Americano” e o seguinte resumo:
Esta comunicação tem o objetivo de investigar Foge (Get Out, 2017) de Jordan Peele como filme de terror que enfatiza a dimensão política e de crítica social do género cinematográfico no qual se inscreve. Muitos estudos têm sido desenvolvidos sobre esse aspeto, frequentemente considerando o terror como um modo de representação particularmente adequado para revelar a neurose política de uma sociedade, como demonstram as obras influentes de cineastas americanos como George A. Romero e Wes Craven. De que maneira Foge pertence a esta tradição ou se afasta dela? A narrativa centra-se num homem negro, Chris Washington (Daniel Kaluuya), que faz uma viagem ao norte do estado de Nova Iorque para visitar a família abastada da sua namorada branca, Rose Armitage (Daniel Kaluuya). A pouco e pouco, vai-se percebendo que Chris é uma presa de um esquema de prolongamento da vida de pessoas brancas através da apropriação dos corpos de pessoas negras. Por um lado, a obra analisa a alienação racial através de tropos do cinema de terror. Por outro lado, o filme é devedor de outras linhagens estéticas como a da comédia negra que complicam a sua filiação. Talvez por isso o cineasta tenha descrito Foge como um thriller social, no qual “o vilão final é a sociedade”. A questão crítica é se esta classificação não é uma forma de afastar o filme da matriz do cinema de terror, mantendo a distância em relação a um género muito popular, mas que permanece com uma aura de menoridade artística.
XI Encontro Anual AIM
No site da AIM já está disponível o programa completo do XI Encontro Anual que vai começar amanhã na Universidade de Évora. Está disponível aqui.
ReliMM - A Religião nas Múltiplas Modernidades, 7.ª Edição
É a primeira vez que vou participar no Colóquio da ReliMM - A Religião nas Múltiplas Modernidades, através do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião (CITER) da Universidade Católica Portuguesa, um dos centros de investigação que integra a rede. Deixo os detalhes para uma data mais próxima do evento. Por agora, quem tiver interesse, pode apontar na agenda.
Foge e a Política do Cinema de Terror
Amanhã será o meu último seminário em torno de Foge (Get Out, 2017) de Jordan Peele no Mestrado em Estudos Artísticos. Dedicámos um semestre inteiro de Teoria do Cinema a investigar, com interesse e perseverança, um filme admirável. Admito, e até já foi confessado por estudantes nesta recta final, que pudesse parecer um desafio estranho no início. Há assim tanta coisa para estudar e descobrir num único filme? A minha resposta, e a do grupo de estudantes que comigo fez este caminho de discussões críticas e muitas leituras, é afirmativa. Os nossos tópicos principais foram a dimensão política do cinema de terror, a persistência do racismo, Peele como autor negro, narrativa e contextos históricos, e o impacto cultural do filme. Obrigado.
A Ordem do Caos
No jornal Avante! de hoje, assino um pequeno artigo crítico sobre O Homem Duplicado (Enemy, 2013) de Denis Villeneuve, instigante adaptação do romance homónimo de José Saramago. Chamei ao texto “A Ordem do Caos”. O filme será apresentado no Auditório do IPDJ no dia 30 de Abril, às 21h, numa sessão programada pela Organização Regional de Viseu do PCP, em colaboração com o Cine Clube de Viseu, com comentário meu.
Imagens Orientais, Africanas, e Latinas no Cinema Contemporâneo
Amanhã é dia aberto na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, para assinalar os seus 111 anos. Integrado no programa deste dia, às 9h, leccionarei a aula aberta “Imagens Orientais, Africanas, e Latinas no Cinema Contemporâneo”.
A Transcendência do Ecrã #4
O ciclo de 12 seminários com o título “A Transcendência do Ecrã” procura investigar expressões do religioso no cinema português, abordando revisitações cristãs, traçando itinerários de leitura, e tateando fronteiras incertas. Os seminários são coordenados por Maria do Rosário Lupi Bello (UAb/CECC-UCP) e Sérgio Dias Branco (UC/CEIS20).
Os pedidos de inscrição devem ser dirigidos para:sdiasbranco@fl.uc.pt
Mais informação sobre o projecto FID: Film and Interreligious Dialogue aqui.
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Religion and Film
My book review of Stefanie Knauss’s Religion and Film: Representation, Experience, Meaning (Brill, 2020) has just been published by the Journal of Religion & Film. It is avalaible here. My thanks to Kristin Petersen, the journal’s book review editor, for his support and suggestions.
Expressão e Religião #2
A Transcendência do Ecrã #3
O ciclo de 12 seminários com o título “A Transcendência do Ecrã” procura investigar expressões do religioso no cinema português, abordando revisitações cristãs, traçando itinerários de leitura, e tateando fronteiras incertas. Os seminários são coordenados por Maria do Rosário Lupi Bello (UAb/CECC-UCP) e Sérgio Dias Branco (UC/CEIS20).
Os pedidos de inscrição devem ser dirigidos para:sdiasbranco@fl.uc.pt
Mais informação sobre o projecto FID: Film and Interreligious Dialogue aqui.
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Expressão e Religião #1
“Expressão e Religião” é uma proposta de duas aulas abertas de história das religiões e estética do cinema na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Mais informação sobre o projecto FID: Film and Interreligious Dialogue aqui.