Elogio de um Género Político

24.05.2022

Foge.

No próximo sábado, apresento uma comunicação no XI Encontro Anual AIM com o título “Elogio de um Género Político: Foge (2017) e o Cinema de Terror Americano” e o seguinte resumo:

Esta comunicação tem o objetivo de investigar Foge (Get Out, 2017) de Jordan Peele como filme de terror que enfatiza a dimensão política e de crítica social do género cinematográfico no qual se inscreve. Muitos estudos têm sido desenvolvidos sobre esse aspeto, frequentemente considerando o terror como um modo de representação particularmente adequado para revelar a neurose política de uma sociedade, como demonstram as obras influentes de cineastas americanos como George A. Romero e Wes Craven. De que maneira Foge pertence a esta tradição ou se afasta dela? A narrativa centra-se num homem negro, Chris Washington (Daniel Kaluuya), que faz uma viagem ao norte do estado de Nova Iorque para visitar a família abastada da sua namorada branca, Rose Armitage (Daniel Kaluuya). A pouco e pouco, vai-se percebendo que Chris é uma presa de um esquema de prolongamento da vida de pessoas brancas através da apropriação dos corpos de pessoas negras. Por um lado, a obra analisa a alienação racial através de tropos do cinema de terror. Por outro lado, o filme é devedor de outras linhagens estéticas como a da comédia negra que complicam a sua filiação. Talvez por isso o cineasta tenha descrito Foge como um thriller social, no qual “o vilão final é a sociedade”. A questão crítica é se esta classificação não é uma forma de afastar o filme da matriz do cinema de terror, mantendo a distância em relação a um género muito popular, mas que permanece com uma aura de menoridade artística.