O encontro com Os Fabelmans (The Fabelmans, 2022) ficou colado ao fim de um ano difícil. Foi ontem à noite, numa sala de cinema esparsamente ocupada. É um filme para rever e estudar com tempo. O que fica, por agora, é o modo como toca no fascínio primordial do cinema e das suas imagens em movimento, porta de entrada para universos aos quais nos recolhemos (nós que temos esta doença benigna chamada cinefilia), não para escaparmos ou fugirmos, mas para ganharmos distância, vermos de outra forma, fazermos sentido do mundo e da vida. Tudo tão pessoal como universal. Quem se deslocou a uma sala para ver o filme foi brindado com uma introdução em tom de agradecimento do realizador Steven Spielberg. Eis um gesto bonito e generoso de um cineasta, que valoriza a experiência social do cinema projectado num grande ecrã, numa sala escura. O cinema só morrerá quando a pulsante humanidade que nele e dele se projecta desaparecer.