O jornal A Cabra, da Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra, falou comigo sobre o ciclo de cinema “As Mulheres pelo Mundo” que começou ontem nas Sessões do Carvão. O artigo que resultou da conversa pode ser lido aqui.
No Centenário da Revolução de Outubro (1917):
“Revolução Russa: Historiografia, Política, Cultura e Actualidade”
As Mulheres pelo Mundo (1)
Persépolis (Persepolis, 2007).
Este filme será mostrado amanhã nas Sessões do Carvão, às 21h30. Integra um programa cinematográfico da responsabilidade de Caroline Turner (Universidade de Glasgow), estagiária Erasmus+ no Curso de Estudos Artísticos.
Este ciclo centra-se nas várias experiências das mulheres pelo mundo, os problemas que enfrentam, a sua solidariedade e a sua força. O feminismo intersecional é um feminismo inclusivo que considera as diferenças circunstanciais das mulheres, por exemplo, a sua sexualidade, a sua raça, a sua classe vai afetar as suas vidas e o modo como elas experienciam o sexismo assim como outros tipos de discriminação. Tendo isto em conta, estes filmes olham para mulheres e raparigas de diferentes lugares no mundo e mostram as maneiras como lutam e rejeitam o patriarcado.
Sessões do Carvão: “As Mulheres pelo Mundo”
29 Nov.:
21h30 Persépolis (Persepolis, 2007), real. Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi
6 Dez.:
21h30 O Sonho de Wadjda (Wadjda, 2012), real. Haifaa Al-Mansour
13 Dez.:
21h30 Mustang (2015), real. Deniz Gamze Ergüven
20 Dez.:
21h30 Tudo Sobre a Minha Mãe (Todo sobre mi madre, 1999), real. Pedro Almodóvar
A Pedra e a Carne
Outubro: o derrube do czarismo.
O AbrilAbril publicou hoje um artigo meu com algumas notas sobre Outubro (Oktyabr, 1928), o filme sobre a Revolução de Outubro realizado por Sergei Eisenstein com a colaboração de Grigoriy Aleksandrov. As observações que compõem “A Pedra e a Carne” (que pode ser lido aqui) resultam das apresentações e discussões em torno desta obra em que participei recentemente em Coimbra, Tires, e Lisboa.
Outubro: Lénine como estátua de agitação / Lénine como porta-voz da vontade popular.
Outubro: o povo em peso toma o Palácio de Inverno / a hora e as horas da revolução socialista.
Comedies of Nihilism
Comedies of Nihilism: The Representation of Tragedy Onscreen by Amir Khan, who co-edits Conversations: The Journal of Cavellian Studies with me, is just out from Palgrave Macmillan. I wrote a blurb for the book, along with Lawrence F. Rhu (University of South Carolina) and Andrew Taylor (University of Edinburgh). Here is mine:
A beautifully written book that is both insightful and necessary. It offers a set of attentive readings of contemporary popular comedies articulated as philosophical as well as cultural film criticism. It also proposes a new theoretical genre and rediscovers the critic’s vital task of thinking through present-day tragic nihilism by engaging with and reflecting on the popular art of this time.
In other words: buy it and read it.
Jack Clayton: Um Realismo Assombrado (9)
Tempos, Espaços
A imagem é um lugar de encontros e cruzamentos de direcções e sentidos. A sua dimensão sensória cruza-se com a complexidade dos níveis do espaço e das camadas do tempo.
Alain Resnais disse uma vez que a verdade do olhar é a montagem, não a panorâmica, porque o olhar é transportado de um ponto para outro sem ver entre os dois. O conjunto da sua obra talvez seja a mais profunda reflexão sobre as possibilidades da narrativa fílmica produzida em toda a história do cinema, porque o seu tema central é exactamente a potência narrativa do cinema. Resnais, influenciado pela pintura, em especial por Cézanne, pretendeu com Hiroshima, Meu Amor (Hiroshima mon amour, 1959) anular o efeito de perspectiva na narrativa, através da inscrição de uma multiplicidade de vozes na superfície do filme. As várias linhas resultantes teciam uma coerência interna em que as palavras escritas por Marguerite Duras guiavam a visão. A montagem era um processo de construção do ritmo narrativo e de outros espaços, junção de múltiplas imagens, equivalente ao trabalho da memória. Através da fragmentação sonora e visual, o filme ia delineando uma continuidade própria do cinema.
Noutra obra sua, Providence (1977), o cineasta conseguiu efeitos semelhantes através de formas completamente diferentes. A longa panorâmica de 360º na sequência final tornava o tempo maleável pelo espaço. No início do plano, a comida está a ser servida na mesa colocada no exterior. A câmara faz depois um movimento panorâmico completo que dura um minuto e meio, mostrando o jardim. Quando volta a enquadrar a mesa, o almoço está a terminar. Quantos minutos naquele minuto e meio?
Eis duas opções para quebrar a unicidade do tempo e do espaço no cinema. Toda a história é assim (re)feita.
Jack Clayton: Um Realismo Assombrado (8)
Outubro (em Lisboa)
Apresento hoje, às 18h, o filme Outubro (Oktyabr, 1928), realizado por Sergei M. Eisenstein e Grigoriy Aleksandrov, na Fundação José Saramago em Lisboa. Agradeço à Idália Tiago o convite que me endereçou em nome da fundação e que muito me honrou. Mais informações sobre a sessão aqui.
Dormir e Acordar em Outubro
Há um camarada que dorme durante a revolução no Outubro (Oktyabr, 1928) e que ninguém ousa acordar. É acordado com as palmas de alegria do resto do soviete. As palmas e a alegria também serão dele, depois de vencer a distracção e o atraso, ou talvez o cansaço.
A Textura dos Filmes
A vocação de diversão do cinema produziu efeitos ao nível da materialidade (e também da transfiguração) dos e nos filmes. Divertir quer dizer desviar a atenção, captá-la, capturá-la. No musical americano, o espaço é muitas vezes transfigurado por uma alegre imaginação. Como em Serenata à Chuva (Singin’ in the Rain, 1952), onde uma sala fechada se transforma numa paisagem infinita de linhas concorrentes. O movimento dinâmico da câmara acompanha quem dança, Gene Kelly e Cyd Charisse, transfigura o espaço e trabalha a materialidade através da composição das cores, dos traços, dos cenários, da luz, do guarda-roupa.
A materialidade é uma propriedade relacionada com equações das sensações. Em O Convento (1995), Manoel de Oliveira cria um jogo dramático entre as personagens interpretadas por Catherine Deneuve e John Malkovich de portas que fecham e abrem, de luzes que acendem e apagam, que é, em simultâneo, um jogo material e de materiais. O som das portas a baterem, a obscuridade da fotografia, a montagem alternada definem espaços comunicantes num espaço imaginário, imaginado. Tudo depende de rígidas marcações e das energias que geram: os planos fixos, os movimentos e olhares da actriz e do actor no interior dos enquadramentos.
A riqueza visual e narrativa dos filmes realizados pelo italo-americano Martin Scorsese permitem identificar outros aspectos da textura dos filmes. Da ritualização da violência social em Taxi Driver (1976) à lógica de espectáculo usada para filmar Las Vegas, há uma atitude fundamental na definição dos lugares. As vistas aéreas, a energia da montagem, a cadência das vozes: em Casino (1995), Las Vegas, a “capital mundial do entretenimento”, a “cidade do pecado”, é filmada como uma ilha que só ganha verdadeiro sentido quando está iluminada com luzes intensas e cores berrantes, rodeada pelo imenso deserto.
O Neo-Realismo Italiano e o Resguardo da Memória
Jack Clayton: Um Realismo Assombrado (7)
Treblinka em Coimbra
Treblinka (2016), obra-prima do cinema documental dirigida por Sérgio Tréfaut, é hoje apresentada numa sessão no Teatro Académico de Gil Vicente da Universidade de Coimbra às 21h30, com uma pequena apresentação minha.
A actualidade surge assombrada neste filme, como se recordar fosse descobrir as marcas do passado no presente. Por isso, o trabalho da memória passa pela palavra, pela narração do que foi vivido pelo judeu polaco Chil Rajchman, enviado para Treblinka, campo nazi onde foram exterminadas mais de 750 mil pessoas.Outubro (em Tires)
Faço hoje a apresentação do filme Outubro (Oktyabr, 1928), realizado por Sergei M. Eisenstein e Grigoriy Aleksandrov, no Centro de Trabalho do Partido Comunista Português em Tires. Trata-se de um evento integrado nas comemorações do Centenário da Revolução de Outubro, “Socialismo, Exigência da Actualidade e do Futuro”, promovidas por este partido.
Movement as Immobility
Movement as Immobility: A Conference on Film and Christianity will take place next month in Lisbon.
In Simone Weil’s First and Last Notebooks we find a note that describes the sea as “a movement within immobility,” the “Image of primal matter”, which leads this Christian philosopher to see music also as a movement that “takes possession of all our soul — and this movement is nothing but immobility”. Perhaps this is an even more fitting description of film, with its images in motion. Its movements can reconnect us with the movements of the world, those motions in which a mysterious sense of order, what Weil calls immobility, arises.
This conference aims at examining the connections between film and Christianity focusing on such aesthetic aspects that, while not rejecting film representations of religious subjects, give primacy to film style and film experience.
The event is organized by the Centre for Comparative Studies (CEC) of the University of Lisbon (as part of the research project “Cinema and the World: Studies on Space and Cinema”), the Nova Institute of Philosophy (IFILNOVA) of the New University of Lisbon, the Research Centre for Communication and Culture (CECC) and the Research Center for Theology and Religion Studies (CITER) of the Catholic University of Portugal. It takes place at the University of Lisbon, School of Arts and Humanities, and at the New University of Lisbon, Faculty of Social and Human Sciences, on November 24 and 25, 2017.
The organization is grateful for the financial support of the Civil Parish of Alvalade.
Detailed information here.
Organizing Committee:
Adriana Martins (Catholic University of Portugal/CECC)
Filipa Rosário (University of Lisbon/CEC)
Maria do Rosário Lupi Bello (Open University/CECC)
Maria Irene Aparício (New University of Lisbon/IFILNOVA)
Rita Benis (University of Lisbon/CEC)
Sérgio Dias Branco (University of Coimbra/IFILNOVA/CEIS20)
Steffen Dix (Catholic University of Portugal/CITER)
Academic Committee:
Ben Sampson (University of California, Los Angeles)
Carlos Capucho (Catholic University of Portugal)
Diane Apostolos-Cappadona (Georgetown University)
Inês Mendes Gil (Lusophone University)
Jonathan Brant (University of Oxford)
Joe Kickasola (Baylor University)
M. Gail Hamner (Syracuse University)
Rita Benis (University of Lisbon)
Sérgio Dias Branco (University of Coimbra)