Esta é a minha última semana de aulas durante algum tempo. Esta semana termina a parte lectiva do semestre, mas eu só regressarei às aulas em fFevereiro de 2026. Entre este momento presente e esse momento futuro, estarei em licença sabática, a minha primeira. Agradeço à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra o apoio imediato que me foi concedido para que eu gozasse deste direito. Darei mais notícias sobre a investigação que vou conduzir, nomeadamente no estrangeiro. Por agora, a sensação que tenho é estranha. Há 24 anos que dou aulas, apenas com uma interrupção em 2010, e sei que vou sentir imensa falta. São saudades antes do tempo próprio, uma espécie de nostalgia na hora de um adeus temporário. Por mais que goste de investigar — por mais que gostasse de ter mais tempo para investigar! — não concebo o meu trabalho académico sem a componente pedagógica e as actividades lectivas. Entretanto, sossega-me a ideia de que terei novas coisas a ensinar e novos tópicos a explorar com estudantes nas aulas que hão-de vir. Sabática, aqui vou eu.
Cinema e Dialéctica: Apresentação em Coimbra (registo)
A apresentação do meu livro Cinema e Dialéctica: Uma Gramática Profunda decorreu ontem no Teatro da Cerca de S. Bernardo, com a presença de estudantes, em especial da Licenciatura, do Mestrado, e do Doutoramento em Estudos Artísticos, e de colegas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Agradeço profundamente ao meu colega Osvaldo Silvestre as leituras atentas que propôs e as questões pertinentes que trouxe para alimentar a nossa conversa. Foi um serão digno de ficar na memória. (Fotos da Rita Namorado.)
Exploring Film and Christianity
Out on November 29! Here’s the description:
This book examines the connections between film and Christianity, considering how films express and depict Christian faith and spirituality and provide experiences associated with it. The notion of movement as immobility (from Simone Weil) is employed to describe film and its images in motion. Its movements can reconnect us with the movements of the world, those motions in which a mysterious sense of order, what Weil calls "immobility," arises. Film is understood as a privileged form to access inscrutable spiritual (in)visibilities that can be linked with Christian concepts and practices. The chapters in Exploring Film and Christianity offer new studies of famous directors such as Andrei Tarkovsky and Robert Bresson combined with analyses of recent notable films, including Terrence Malick’s Knight of Cups, Martin Scorsese’s Silence, and Denis Villeneuve’s Blade Runner 2049. Organized around the productive topics of theory, expression, depiction and experience, this volume is a valuable contribution to interdisciplinary research on film and Christianity.More information here.
Cinema e Dialéctica: Debate no Porto
Estarei hoje de manhã na Faculdade de Letras da Universidade de Porto para discutir as ideias e o contributo do meu mais recente livro, Cinema e Dialéctica: Uma Gramática Profunda, num debate organizado pelo Instituto de de Filosofia da mesma instituição. Mais informações aqui.
Trás-os-Montes (1976) no CineEco
Cito o texto de divulgação: “O CineEco mantém uma relação de memória com o cinema português através da programação de clássicos. Nesta edição, o festival vai exibir, em dupla sessão, dois filmes recentemente digitalizados pela Cinemateca Portuguesa. A Sessão Clássica Dupla permitirá rever obras singulares do cinema português no modo como olham para dois amplos territórios, que ainda hoje preservam uma forte identidade, ambiental, rural e social, que merece ser valorizada perante novos desafios.”
Na sessão de dia 13 de Outubro, terei o prazer de apresentar Trás-os-Montes (1976). A sessão de Cerromaior (1980) a 17 de Outubro contará com a presença do realizador, Luís Filipe Rocha. Fica o convite para ambas as sessões.
Oliveira e Silva Melo
Na Casa do Cinema Manoel de Oliveira no Porto continua a segunda mostra sobre Oliveira e o cinema português. Amanhã será mostrado Passagem ou a Meio Caminho (1980) de Jorge Silva Melo, com apresentação minha. Mais informação aqui.
Cinema e Dialéctica: Lançamento e Apresentação
O meu novo livro Cinema e Dialéctica: Uma Gramática Profunda será lançado na Festa do Avante. A apresentação ficará a cargo da Marta Sofia Pinho Alves (Instituto Politécnico de Setúbal), a quem agradeço desde já. Será na Festa do Livro, domingo, dia 8, 14h. Fica o convite!
A Alegria, Apesar de Tudo
O jornal Avante! de hoje traz um artigo meu, “A Alegria, Apesar de Tudo”, sobre o filme Gaza, Meu Amor (Gaza mon amour, 2020). Está disponível aqui.
Linha do Horizonte:
Encontros Entre Comunidades Religiosas à Volta do Cinema
Esta atividade começa já em outubro. A entrada é gratuita, mas a lotação da sala é limitada. As inscrições para a primeira sessão estão abertas e devem ser enviadas para: sdiasbranco@fl.uc.pt
Chamada de Artigos “Religião e Cinema:
Da Representação à Expressão”
A Voz das Mulheres (Women Talking, 2022).
Dossiê da REVER: Revista de Estudos da Religião (ISSN 1677-1222), coordenado por Sérgio Dias Branco (Universidade de Coimbra/CEIS20) e Alfredo Teixeira (Universidade Católica Portuguesa/CITER). Prazo: 31.12.2024.
De entre as diversas abordagens metodológicas à religião e ao cinema, aquela que junta os estudos de religião e os estudos fílmicos para analisar criticamente a representação da religião no cinema é uma das mais comuns. Esta abordagem centrada no plano da representação permite explorar as religiões nas suas dimensões material e vivida, salientando semelhanças e diferenças entre tradições religiosas – por vezes dentro da mesma religião –, mas também retratando a tensão e a convivência inter-religiosa. Esta perspetiva, a partir da representação fílmica, abre para diferentes possibilidades de interpretação das perceções culturais sobre as religiões nas sociedades.
Nesta chamada de artigos convidamos pesquisadoras e pesquisadores a considerarem também, nos seus estudos, o plano da expressão, para além da representação da religião no cinema. A expressão é o lugar onde se tecem as diferentes linguagens artísticas que formam a base da experiência sensória e do processo de significação no cinema, que inclui elementos da imagem, do som, e da montagem, que não podem ser reduzidos aos paradigmas da representação ou comunicação. Dentro deste escopo, este dossiê procura estudos inter e transdisciplinares no campo dos estudos da religião e da estética fílmica que articulem leituras de obras concretas, a partir do cruzamento de referências enraizadas em mundividências, sabedorias, gestos e práticas que tecem em conjunto várias tradições religiosas.
A memória dos 1700 anos do Concílio de Niceia, em 2025 – acontecimento central na história do cristianismo, com amplo impacto no terreno das culturas visuais –, é um contexto oportuno para a abertura deste dossiê na REVER.
CFP “The Detailed Study of Films: Adjusting Attention“
A special issue of the journal Arts (ISSN 2076-0752), edited by Sérgio Dias Branco. Deadline: 01.07.2025.
This Special Issue focuses on the detailed study of film style and form. It welcomes articles that consider and integrate the critical role of conscious attention in the practice of film analysis and interpretation. Additionally, it expands on the film criticism work of John Gibbs, Andrew Klevan, Douglas Pye, and others. The detailed study of film works is not a study of details but seeks and follows a movement of abstraction to understand these works in the social and cultural web in which they are historically inserted as objects of production and reflection. In Style and Meaning: Studies in the Detailed Analysis of Film (Manchester University Press, 2005), Pye and Gibbs follow Terry Eagleton in recognizing that artistic media, their forms and senses — perceptions, emotions, and meanings — are inherently social systems (p. 8). Therefore, studying the art of film in detail requires attention that is conscious about this social context and adjusts to it. Adjusting attention is doing justice to the work under scrutiny. It is, simultaneously, a disposition and a concern — an attentive state of mind able to notice significant details and care to be rigorous in studying films.
Given this, I propose a broad distinction between two types of attention that organizes and systematize the study of films, as follows:
• Intensive attention describes a methodology that concentrates on the analytical and interpretative study of a single film;
• Extensive attention designates a methodology that differs from the previous because it aims to analyze and interpret a set of films, grouped by filmmaker, genre, country, theme, or other specific categories.
These methodologies are active research processes that highlight concrete elements and relationships and evoke multiple aspects that influence these relationships. Of course, in the course of interpretative analysis, it may be necessary to extend intensive attention (e.g., briefly consider other films) or to intensify extensive attention (e.g., briefly concentrating on a single film) in order to develop an argument. There is no opposition between the two types of attention but a difference in the approach to attention — in which both assume the importance of concentrating on films, as well as the significance of placing them in precise contexts. Generally, contributions to this Special Issue should choose between one or the other for methodological clarity. In each case, the purpose is to find patterns and account for them within the complexity of films, single or grouped.
Further information here.
Our Lady of Struggle
Today I am presenting my paper at Class and Diversity: WCSA 2024 Conference". It is my fourth participation in the annual conference of Working-Class Studies Association. I have been a member since 2017. The title of my paper is “Our Lady of Struggle: Marian Devotion and Organized Labor in Salt of the Earth (1954).” Here is the abstract:
Salt of the Earth (1954) is viewed as one of the major examples of working-class cinema in the United States, yet its portrayal of the deep connection between the plight and struggle of Latino workers and Catholicism has not been developed in critical discussions of the film. This paper aims to address this aspect of the film. "Salt of the earth" is a phrase taken from the Gospel of Matthew 5:13 when Jesus mentions the “saltiness” of his disciples who are called to be living proof of God’s love. The film depicts the 15-month-long miners’ strike in New Mexico against the Empire Zinc Company for the racial discrimination of Latino workers in pay, safety standards, and poor conditions of company housing. The Catholic faith is an integral part of these workers’ culture and their family’s everyday life. Esperanza Quintero (Rosaura Revueltas) is the main character and the story’s narrator, a miner’s wife who has to challenge sexism in her milieu. Christianity is a source of strength for the struggle of both miners and women. Mary in particular is a receptacle of human longings and also an emancipatory religious figure. The film aligns Esperanza with the Black Virgin of Guadalupe. In this sense, Esperanza (hope in Spanish) relates to the Virgin as a mirror, echoing the words of the Magnificat: indigenous, unsubmissive, mysterious, and sexualized. She confronts her thoughts and weaknesses and finds hope without detaching herself from the pressing matters of motherhood and the condition of working-class women.
Um Retrato da Periferia Social
O jornal Avante! de hoje traz um artigo meu sobre Mandabi (1968) de Ousmane Sembène, com o título “Um Retrato da Periferia Social”. Está disponível aqui.
O 25 de Abril Através do Cinema - 2.ª Edição
Estamos de volta! O curso livre “O 25 de Abril Através do Cinema” terá uma 2.ª edição na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, coordenado pela Mariana Liz, com um corpo docente que inclui também a Ana Bela Morais, o Paulo Cunha, e eu. Inscrições abertas para o próximo ano aqui.
Guardar a Memória Depois da Revolução
Participo hoje no Colóquio “O 25 de Abril e a Perspectiva Cultural Europeia: História e Literatura na Relação com Outras Artes” na Universidade Nova de Lisboa, um evento co-organizado pela Universidade de Saragoça, com uma comunicação intitulada “48: Guardar a Memória Depois da Revolução.”
Mandabi Comentado
Mandabi (1968) de Ousmane Sembène será mostrado amanhã, às 18h30, no Auditório Ilídio Pinho na Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa, Porto. Integra o ciclo “Ousmane Sembène: a Voz da Crítica”, organizado pelo Cineclube EA. A sessão será acompanhada por um pequeno comentário meu, impresso na folha de sala. Agradeço ao Carlos Natálio este convite que serviu de pretexto para, finalmente, rever o filme na espantosa cópia restaurada que a Criterion Collection lançou em 2021.
O comentário foi editado para cumprir o número de palavras requerido. A versão longa, não editada, está disponível aqui.
Sobre 48
Participo hoje no evento Do “…dia inicial, inteiro e limpo”: 25 Abril, 50 Anos Depois | Programa Multidisciplinar na Casa Comum - Reitoria da Universidade do Porto, organizado pelo Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da instituição. Agradeço o convite do Vítor Guerreiro, um dos co-organizadores. A minha comunicação tem o título “Voz e Montagem na Evocação da Violência Política em 48 (2009).”
Análise da Evolução Cinematográfica
Amanhá apresento uma oficina com o título “Análise da Evolução Cinematográfica” no âmbito do Encontro Nacional de Estudantes de Letras que está a decorrer na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
The Revolution in Motion
Na próxima segunda-feira apresentarei uma palestra na Universidade de Genebra, Suíça, com o título “The Revolution in Motion: Filming in the Revolutionary Period”. Integra o ciclo de conferências e projecções “La Révolution Portuguaise en images”, organizado no âmbito da Cátedra Lídia Jorge, criada pelo Instituto Camões e pela Faculdade de Letras da Universidade de Genebra. Mais informações aqui.
Os Fantasmas de Lourenço Marques
O jornal Avante! de hoje traz um artigo com as minhas notas críticas sobre Catembe (1965), realizado por Manuel Faria de Almeida. “Os Fantasmas de Lourenço Marques” está disponível aqui.
Professor Associado
Escrevi quando consegui a nomeação definitiva, quatro anos depois de ter ganho o concurso para Professor Auxiliar. Com mais razão escrevo agora, depois de ter assinado o contrato de Professor Associado no início desta semana.
Como lidar com este momento?
Dando graças, como fui aprendendo com a Carta aos Efésios (5,20). Estudo e lecciono cinema, cruzando-o com temas e perspectivas que iluminam os seus sentidos como arte na história e no mundo. Faço o que gosto e têm-me dito que esse entusiasmo é manifesto. Gosto do que faço e procuro fazê-lo com dedicação e profissionalismo. Isso é o essencial. Que esta subida de categoria seja um impulso para concretizar o que tenho planeado, o que falta fazer.
O percurso até aqui não foi fácil. Tive de trabalhar no comércio para juntar dinheiro para estudar no Reino Unido. Tive de me focar e empenhar para ir fazendo caminho. Houve outras dificuldades pessoais e familiares relacionadas que não vou detalhar. Teria sido melhor se tudo tivesse sido mais simples, menos difícil, linear, mas o sabor seria certamente diferente e eu não seria a mesma pessoa que sou hoje.
Neste trajecto, fui encontrando quem me ajudasse e reconhecesse o valor do meu trabalho como docente e investigador. Nesse sentido, não posso deixar de agradecer a quem escreveu cartas de referência sobre mim para este concurso: o orientador da minha tese de doutoramento, Murray Smith (University of Kent); o examinador da minha tese, Jason Jacobs (The University of Queensland); M. Gail Hamner (Syracuse University); Andrew Klevan (University of Oxford); Gerard Loughlin (Durham University); Elizabeth Cowie (Kent, emérita); e Jinhee Choi (King's College London).
Trabalho há mais de uma década na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que é uma casa em permanente construção onde tenho sido livre e apoiado. Além de estimados colegas, são estudantes que me vêm à memória e ao pensamento. Aparecem-me como lâmpadas acesas, não simplesmente por mim, mas pelas dinâmicas de descoberta, conhecimento, e aprendizagem, que conseguimos criar juntos.
Neste momento, sobra-me uma gratidão imensa.