The Urban and the Domestic

31.12.2018


This great collection of essays on cinematic space, edited by Filipa and Iván, was published this month by Routledge. My chapter is called “The Urban and the Domestic: Spaces of American Film Noir”. My congrats and thanks to both editors.

Mrinal Sen (1923-2018)

30.12.2018


Matira Manisha (1966).

Ringo Lam (1955-2018)

30.12.2018


Replicant (2001).

Neste Tempo

26.12.2018


Eu Vos Saúdo, Maria.


O Livro de Imagem.

O meu “Neste Tempo” é o mais recente texto do dossier “Godard, Livro Aberto”, publicado em boa hora pelo À Pala de Walsh. Agradeço o convite do Luís Mendonça para participar neste projecto editorial a propósito da estreia de O Livro de Imagem (Le livre d’image, 2018). Escrevi um pouco sobre esse filme, mas dedico mais espaço a Eu Vos Saúdo, Maria (Je vous salue, Marie, 1985) neste artigo sobre a relação entre o cinema, a política, e a religião nos filmes de Jean-Luc Godard. Parto das reflexões do filósofo americano Stanley Cavell. São duas obras que se refazem como labirintos em expansão. O pequeno ensaio pode ser lido aqui.

O Movimento Estancado

26.12.2018


O Eclipse.

A consciência activa da verdade material do filme passa, em muitos casos, pelo trabalho da imagem e do som para que escapem ao logro automático das evidências. No caso de Michelangelo Antonioni, um filme como O Eclipse (L’eclisse, 1962) mostra, precisamente, os poderes concretos do cinema como composição e duração. Os enquadramentos demarcam os corpos no interior das relações espaciais e fazem sobressair o vazio — o mundo como lugar cheio de presenças, mas desabitado. Na cena passada na frenética Bolsa de Roma, é acentuado o peso maciço das colunas. Quando tudo pára para homenagear um colega que morreu de ataque cardíaco, a imagem fixa, suspensa, manifesta a fixidez e a suspensão das personagens, que se movem sem saírem da prisão em que se encontram. É isso que esse momento dá a ver ao estancar o movimento convulso.

Imagem-Fluxo

18.12.2018


Anjos Caídos.

Filmar a cidade é captar uma certa ideia de cidade. A Paris de Walter Benjamin é o resultado de uma análise das relações entre a subjectividade e a escala urbana, influenciada pelas teorias psicanalíticas, de Sigmund Freud a Carl Jung. A cidade é um espaço de relações. Nasce no acto de comunicação, na interdependência de pessoas e actividades. A sua composição dinâmica gera imagens que manifestam a estrutura social. O espaço urbano, como qualquer ser vivo, configura-se pelos impulsos interiores e exteriores que determinam as suas articulações, os seus pontos sensíveis, a singularidade dos seus locais na sua relação com a totalidade.

Hong Kong tem crescido organicamente, num processo de intensificação e saturação. As opções formais e expressivas de Kar-wai Wong permitem o registo compreensivo desta realidade: um fluxo incessante onde as pessoas se cruzam à velocidade da luz. A cidade devora as personagens. Elas atravessam o peso das imensas construções sem fim como se já não tivessem corpo. É o que vê no último plano de Anjos Caídos (Duo luo tian shi, 1995).

Espaço Negativo

16.12.2018


Insidious: Capítulo 2.

No belo texto que escreveu para o À pala de Walsh sobre Aquaman (2018), o Luís Mendonça fala sobre o enaltecimento do “espaço negativo”. Para quem segue com interesse a obra de James Wan como cineasta, parece-me que o grande desafio crítico é entender a unidade entre os seus filmes de terror e os seus filmes de acção. Nesse sentido, Aquaman tem muito em comum com Insidious: Capítulo 2 (Insidious: Chapter 2, 2013) porque enfrenta uma questão semelhante: como representar um campo desconhecido, nesse caso a esfera dos espíritos? Em ambos os casos, para que o desconhecido se torne conhecido, visível, é necessário ajustar a visão. Os filmes optam por um desdobramento do mundo no espaço (em Aquaman) e no tempo (em Insidious: Capítulo 2) em que o espaço negativo é uma marca de imensidão, maravilhosa ou tenebrosa.

Um Buraco Negro

12.12.2018


Sonhos de Akira Kurosawa.

Como pode o cinema exprimir o indizível, aquilo para o qual as palavras não chegam? Em Sonhos de Akira Kurosawa (Yume, 1990), há um túnel que se transfigura num buraco negro de medos. É como se ao carácter indizível do que está aquém ou além da linguagem correspondesse a dimensão incomensurável do espaço.

Portuguese Women Directors

06.12.2018

Portuguese Women Directors is a great research project hosted by the Institute of Social Sciences - University of Lisbon, financed by Calouste Gulbenkian Foundation and coordinated by Mariana Liz (ICS-ULisbon) and Hilary Owen (University of Oxford/University of Manchester), with Ana Cabral Martins’s assistance. Check out the website.

Serviço Público ao Cinema Português

05.12.2018


Ainda não vi Parque Mayer (2018). Estreia amanhã. É verdade que o “making of” que hoje passou na televisão, em horário nobre, foi produzido pela MGN Filmes como peça promocional. Mas ao transmiti-lo, a RTP cumpriu o seu mandato de serviço público. E ponho-me a pensar qual seria a relação dos espectadores com o cinema português se esta divulgação, não só de um filme mas sobretudo do trabalho de produção cinematográfica, fosse uma aposta permanente em vez de pontual.

Terra e Poder

04.12.2018


La noire de....

A Conferência Internacional sobre Cinema e Paisagem, organizada pelo Centro de Estudos Comparatistas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa com coordenação da Filipa Rosário, começou ontem e termina amanhã. Informações detalhadas aqui.

Apresentarei uma comunicação no último dia, integrada no painel “Do Colonial ao Pós-Colonial”, com a Michelle Sale e o Paulo Cunha, e moderação da Mariana Liz. Partilho o resumo desse trabalho, “Terra e Poder: As Paisagens do Cinema Pós-Colonialista de Ousmane Sembène”:

O cinema de Ousmane Sembène surgiu depois do Senegal se ter tornado independente do império colonial francês. As suas obras não se limitam a observar a realidade pós-colonial, a tomá-la como ponto de partida, retratando de forma crítica o passado colonial. Elas procuram construir um olhar pós-colonialista, analisando o impacto duradouro do colonialismo no período pós-colonial mesmo quando as narrativas se desenrolam noutra época histórica. Um dos elementos que dá forma a este olhar é a paisagem — mais concretamente, a paisagem como coisa produzida, ligada à organização social e económica. A primeira longa-metragem de Sembène, La noire de... (1966) narra o percurso de Diouana, uma criada que acompanha um casal francês da capital senegalesa para a Riviera Francesa. É neste filme que esta comunicação se vai concentrar. A contraposição da paisagem de Dakar à de Antibes torna-se uma comparação entre o passado e o presente. A estória desdobra-se e desenrola-se nestas paisagens e a história pode ser lida nelas. Depois do domínio colonial, manteve-se aquilo a que Aníbal Quijano chama de colonialidade do poder, uma estratificação social de cunho racial refletida em relações de dominação e subordinação que só se torna clara para Diouana em França. É precisamente a partir deste prisma que o filme disseca o colonialismo e o racismo, espacializando-os. A paisagem francesa é marcada por infraestruturas e meios de transporte que convidam à viagem e à circulação, mas Diouana ficará confinada num apartamento.

Sessões do Carvão — O Cinema Falado:
Cabaret Maxime (2018) / Bruno de Almeida

03.12.2018