Jordan Peele, Autor Negro

30.05.2023

Foge.

Começa hoje o XII Congresso Internacional da AIM. Vou moderar um dos primeiros painéis, às 11h30, o primeiro do Grupo de Trabalho Cinema e Materialidades, cuja coordenação partilho com a Cucinotta Caterina e o Alfonso Palazón (Universidade Rey Juan Carlos). Contará com comunicações de Rita Cassitas (Universidade Tuiuti do Paraná) e Mirian Tavares (Universidade do Algarve), Monica Klemz (Universidade Federal Fluminense), e Elianne Ivo Barroso (Universidade Federal Fluminense).

No sábado, dia 2, apresento a minha comunicação ao fim da manhã no segundo painel do nosso Grupo de Trabalho. Tem o título “Jordan Peele, Autor Negro: Foge (2017), da Página ao Ecrã” e o seguinte resumo:

Esta comunicação pretende investigar Foge (Get Out, 2017), escrito e realizado por Jordan Peele, focando-se no processo de produção do filme da escrita do argumento à finalização da obra para o ecrã. A persecução deste objectivo implica uma análise do guião completo e anotado, publicado dois anos depois da estreia de Foge em sala, comparando-o com o filme. Um aspecto fundamental deste estudo passa pela dissecação do estilo fílmico meticuloso e complexo de Peele. Tal requer considerar o cineasta como autor de cinema, como argumentista e realizador que assume uma perspectiva negra. Peele surgiu no contexto da afirmação de artistas negros no cinema de terror americano. Foi aclamado como autor pela crítica de cinema na Europa, em publicações como a revista Cahiérs du cinema. Foi reconhecido pela indústria americana através das nomeações para os Óscares da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas para o melhor argumento original, que ganhou, e a melhor realização. Quando dirigiu Foge, Peele era conhecido principalmente devido à série televisiva de comédia Key & Peele (2012-2015). O filme mantém elementos cómicos, sem deixar de ser um projecto de baixo orçamento da Blumbouse Productions, companhia especializada em cinema de terror. O comentário social que esta obra constrói baseia-se na sátira e na sua ligação ao afro-pessimismo, uma abordagem crítica que expõe e investiga os efeitos contínuos do racismo, do colonialismo e dos processos históricos de escravatura nos EUA.