Escapou-me esta recensão ao meu livro “O Trabalho das Imagens: Estudos sobre Cinema e Marxismo” (Lisboa: Página a Página, 2020), escrita por Jesús Ramé López (Universidade Rei Juan Carlos) e publicada na Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento. Obrigado pela dica, Caterina Cucinotta! Só posso agradecer esta leitura muito atenta e perspicaz, centrada numa das ideias desenvolvidas no livro: o cinema como educação social dos sentidos. Quem sabe se este texto não iniciou um diálogo entre nós que pode dar frutos científicos no futuro.
A Transcendência do Ecrã #5
O ciclo de 12 seminários com o título “A Transcendência do Ecrã” procura investigar expressões do religioso no cinema português, abordando revisitações cristãs, traçando itinerários de leitura, e tateando fronteiras incertas. Os seminários são coordenados por Maria do Rosário Lupi Bello (UAb/CECC-UCP) e Sérgio Dias Branco (UC/CEIS20).
Os pedidos de inscrição devem ser dirigidos para:sdiasbranco@fl.uc.pt
Mais informação sobre o projecto FID: Film and Interreligious Dialogue aqui.
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Elogio de um Género Político
No próximo sábado, apresento uma comunicação no XI Encontro Anual AIM com o título “Elogio de um Género Político: Foge (2017) e o Cinema de Terror Americano” e o seguinte resumo:
Esta comunicação tem o objetivo de investigar Foge (Get Out, 2017) de Jordan Peele como filme de terror que enfatiza a dimensão política e de crítica social do género cinematográfico no qual se inscreve. Muitos estudos têm sido desenvolvidos sobre esse aspeto, frequentemente considerando o terror como um modo de representação particularmente adequado para revelar a neurose política de uma sociedade, como demonstram as obras influentes de cineastas americanos como George A. Romero e Wes Craven. De que maneira Foge pertence a esta tradição ou se afasta dela? A narrativa centra-se num homem negro, Chris Washington (Daniel Kaluuya), que faz uma viagem ao norte do estado de Nova Iorque para visitar a família abastada da sua namorada branca, Rose Armitage (Daniel Kaluuya). A pouco e pouco, vai-se percebendo que Chris é uma presa de um esquema de prolongamento da vida de pessoas brancas através da apropriação dos corpos de pessoas negras. Por um lado, a obra analisa a alienação racial através de tropos do cinema de terror. Por outro lado, o filme é devedor de outras linhagens estéticas como a da comédia negra que complicam a sua filiação. Talvez por isso o cineasta tenha descrito Foge como um thriller social, no qual “o vilão final é a sociedade”. A questão crítica é se esta classificação não é uma forma de afastar o filme da matriz do cinema de terror, mantendo a distância em relação a um género muito popular, mas que permanece com uma aura de menoridade artística.
XI Encontro Anual AIM
No site da AIM já está disponível o programa completo do XI Encontro Anual que vai começar amanhã na Universidade de Évora. Está disponível aqui.
ReliMM - A Religião nas Múltiplas Modernidades, 7.ª Edição
É a primeira vez que vou participar no Colóquio da ReliMM - A Religião nas Múltiplas Modernidades, através do Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião (CITER) da Universidade Católica Portuguesa, um dos centros de investigação que integra a rede. Deixo os detalhes para uma data mais próxima do evento. Por agora, quem tiver interesse, pode apontar na agenda.
Foge e a Política do Cinema de Terror
Amanhã será o meu último seminário em torno de Foge (Get Out, 2017) de Jordan Peele no Mestrado em Estudos Artísticos. Dedicámos um semestre inteiro de Teoria do Cinema a investigar, com interesse e perseverança, um filme admirável. Admito, e até já foi confessado por estudantes nesta recta final, que pudesse parecer um desafio estranho no início. Há assim tanta coisa para estudar e descobrir num único filme? A minha resposta, e a do grupo de estudantes que comigo fez este caminho de discussões críticas e muitas leituras, é afirmativa. Os nossos tópicos principais foram a dimensão política do cinema de terror, a persistência do racismo, Peele como autor negro, narrativa e contextos históricos, e o impacto cultural do filme. Obrigado.