Gett: O Processo de Viviane Amsalem.
Agradeço o convite que me dirigiram para apresentar uma das comunicações no colóquio Género e Religiões: Perspectivas, Práticas, Teorias e Expressões de Género entre o Religioso e a Religiosidade. O meu trabalho tem o título “A Separação das Mulheres: Divórcio e Religião no Judaísmo e no Islão em Dois Filmes”. Deixo o resumo:
Esta comunicação analisa dois filmes em paralelo: o israelita Gett: O Processo de Viviane Amsalem (Gett, 2014) de Ronit e Shlomi Elkabetz e o iraniano Uma Separação (Jodaeiye Nader az Simin, 2011) de Asghar Farhadi. Em ambos os casos, as narrativas desenvolvem-se a partir de um requerimento de divórcio de uma mulher em relação ao seu esposo.Em Gett: O Processo de Viviane Amsalem, uma judia sefardita, Viviane, procura divorciar-se depois de mais de 20 anos num casamento infeliz. Ela apela à compaixão do marido para obter o documento (gett) de que necessita, de acordo com a lei judaica, mas ele não colabora. O caso é encaminhado para um tribunal rabínico (Beit Din) para ser decidido.
Em Uma Separação, uma muçulmana xiita, Simin, deseja sair do Irão com a sua família, mas o seu marido não quer abandonar o pai, que sofre de doença de Alzheimer. Devido à discordância, ela pede um divórcio depois de 14 anos de casamento. O pedido é negado. Seguem-se vários eventos dramáticos, com dimensões morais e religiosas, que envolvem outra família e tornam inevitável a separação.
A comparação entre os filmes permite identificar diferenças e semelhanças. As mulheres aparecem tendencialmente isoladas em dois contextos nos quais os preceitos religiosos determinam normas e instituições jurídicas e influenciam decisivamente as relações sociais e interpessoais. Este retrato ultrapassa o das esposas que se querem divorciar e estende-se a outras personagens femininas, às quais as duas obras cinematográficas dão particular atenção.