Estarei pelo Brasil daqui a alguns dias, mais concretamente na Universidade de Brasília. Deixo o convite para a palestra que vou apresentar no dia 18, organizada pela Faculdade de Comunicação (FAC), o Grupo de Pesquisa em Literatura, Artes e Midias (LIAME), o Instituto de Letras (IL), e o Programa de Pós-Graduação em Literatura e Práticas Sociais (PósLit):
Esta palestra centra-se na fabricação de imagens em movimento no cinema digital. Este processo será discutido através de uma poética do trabalho, em vez de uma pura poética das formas, portanto de um estudo de processos que integra a produção na análise de filmes digitais. Influenciada pelo trabalho de Giuliana Bruno sobre a materialidade na cultura visual contemporânea, esta abordagem considera que a materialidade diz respeito à substância das relações materiais e não apenas aos materiais em si. Em três movimentos interligados que combinam discussão teórica com análise fílmica, esta palestra explora a digitalização como processo, o labor do digital e, finalmente, a produção cinematográfica digital. O argumento apresentado é o de que tornar o fabrico visível nos filmes digitais é transformar as suas imagens em movimento naquilo que tenho vindo a chamar de “imagens digitadas”, que podem ser relacionadas com o conceito de pós-digital. Isto é, que é o emprego das mãos que fabrica essas imagens, deixando uma série de marcas na sua composição e modulação, de gestos no sentido de Giorgio Agamben: o processo de tornar um meio visível enquanto tal.