As Narrativas que Faltam

29.05.2018


Tudo Vai Bem.

Participo amanhã no Simpósio Internacional sobre Cinema e Filosofia: Maio 68 Crítico com uma comunicação chamada “As Narrativas que Faltam: O Maio de 68 e o Cinema Crítico”. As informações sobre o encontro estão disponíveis aqui. Deixo o resumo do meu contributo:

Tudo Vai Bem (Tout va bien, 1972), realizado por Jean-Luc Godard e Jean-Pierre Gorin, feito no espírito do Grupo Dziga Vertov mas sem ser assinado como tal, sobrepõe desde o início o Maio de 1968 ao Maio de 1972. Não se trata de um filme sobre o Maio de 1968. A obra analisa a luta de classes quatro anos depois dos acontecimentos dessa data, como se não fosse possível fazer um cinema politizado em França que ignorasse esse marco e essa marca. A leitura que proponho, em ligação com a explosão política e social de 1968, fundamenta-se no modo como o filme se apresenta na conclusão como “um conto para quem não tem nenhum”. Tudo Vai Bem oferece, assim, uma narrativa que falta. A conversa entre Godard e o cineasta argentino Fernando Solanas em 1969, pouco tempo depois do Maio de 68, aponta a importância do conceito de cinema crítico para entender este projecto. Solanas faz questão de clarificar que não se trata apenas de um cinema de oposição e progresso, mas de um cinema que a ordem dominante tem dificuldade em digerir ou tolerar, porque aborda as questões a partir do ponto de vista das classes oprimidas. Isto é, trata-se de um cinema que, no contexto francês, é indissociável do Maio de 1968.

Incómodos (3)

29.05.2018


Salò, ou os 120 dias de Sodoma (Salò o le 120 giornate di Sodoma, 1975).

Este filme será mostrado amanhã nas Sessões do Carvão, às 21h30. Este ciclo foi programado por estudantes do 1.º ciclo do curso de Estudos Artísticos: Beatriz Laschi, Filipe Saraiva, Guilherme Franco Pinto, Helena Costa, e Rita Resende.

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“Incómodos”: (1) · (2)

AIM: O Futuro do Passado

22.05.2018


Quando a AIM - Associação de Investigadores da Imagem em Movimento foi criada pelo Tiago Baptista, o Paulo Cunha, o Daniel Ribas, o Paulo Granja, e a Ana Isabel Soares, a primeira Presidente da associação, eu não estava em Portugal. Estava a terminar o meu doutoramento na Universidade de Kent, Cantuária, Inglaterra. Mas estava mais longe do que os 1835 km que me separavam da sede da AIM. Inscrevi-me como membro assim que pude. Participei no I Encontro Anual na Universidade do Algarve em 2011. Nessa altura, tirando quem trabalhava comigo no IFILNOVA - Instituto de Filosofia da Nova (nessa altura, IFL - Instituto de Filosofia da Linguagem) e na FCSH, todas as pessoas eram para mim desconhecidas tal como eu era desconhecido para elas. Tinha estudado no estrangeiro durante sete anos e acabado de regressar a Portugal, acolhido na Universidade Nova de Lisboa. O III Encontro Anual teve lugar na Universidade de Coimbra em 2013, onde já trabalhava. Participei na organização desse evento. Fui eleito pela primeira vez para a Direcção da AIM no ano seguinte, durante o IV Encontro Anual na Universidade da Beira Interior. Neste momento, depois de ter sido eleita a primeira Direcção sem membros fundadores, talvez valha a pena pensarmos naquilo que tem feito a força da AIM. Penso que o essencial tem sido o cumprimento do objectivo de reunir quem investiga a imagem em movimento e promover essa investigação. Não se pode fazer a história do desenvolvimento desta área em Portugal sem reconhecer o papel fundamental da AIM. Formou-se uma grande comunidade aberta, viva, diversa, que transcende Portugal, que se junta num tom informal, sem egocentrismos nem complexos de superioridade (ou inferioridade), para dar a conhecer o trabalho dos seus membros e convidados, discutir e reflectir, desenvolver projectos, e, claro, conviver. Aquilo que se tem construído com a AIM, aquilo que a AIM tem construído, é fruto não só do trabalho dos seus dirigentes, mas sobretudo do entusiasmo e amizade de quem organiza as suas actividades e nelas participa. Parafraseando o Tiago: estar ao serviço da AIM é um grande exercício de humildade porque recebemos muito mais do que damos. O futuro será tão igual que será diferente.

Incómodos (2)

22.05.2018


Anticristo (Antichrist, 2009).

Este filme será mostrado amanhã nas Sessões do Carvão, às 21h30, antecedido por Nocturne (1980). Este ciclo foi programado por estudantes do 1.º ciclo do curso de Estudos Artísticos: Beatriz Laschi, Filipe Saraiva, Guilherme Franco Pinto, Helena Costa, e Rita Resende.

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“Incómodos”: (1)

Incómodos (1)

15.05.2018


Pink Flamingos (1972).

Este filme será mostrado amanhã nas Sessões do Carvão, às 21h30, antecedido por Um Cão Andaluz (Un chien andalou, 1929). Este ciclo foi programado por estudantes do 1.º ciclo do curso de Estudos Artísticos: Beatriz Laschi, Filipe Saraiva, Guilherme Franco Pinto, Helena Costa, e Rita Resende.

Sentidos do Mundo

21.05.2018


Moonlight (2016).

O oitavo encontro anual da Associação de Investigadores da Imagem em Movimento (AIM) começa oficialmente na próxima quarta-feira e termina no sábado. Apresentarei uma comunicação no último dia, dia 19, intitulada “Sentidos do Mundo: O Cinema a Partir da Teologia de Paul Tillich” num painel sobre cinema e pensamento. Eis o resumo:

O teólogo luterano Paul Tillich dedicou parte da sua obra ao pensamento sobre a cultura. Para ele, a cultura é uma função específica do processo que é a vida humana. Esta função está ligada à auto-criatividade através da qual os seres humanos dão sentidos ao mundo para eles mesmos. No campo da arte, a cultura como relação com o mundo tem uma expressão estética, terreno no qual se inscrevem as ambiguidades da existência humana, o estranhamento da humanidade em relação a si mesma e ao mundo onde vive. O contributo de Tillich para a teoria do cinema tem sido ligado a teóricos como André Bazin, tomando o realismo e a revelação como temas principais. Esta comunicação propõe algo diferente: o esboço de um entendimento do cinema como reflexão teológica a partir da teologia de Tillich. O centro desta investigação é a relação entre o eu e o mundo. No terceiro volume da sua Teologia Sistemática, o teólogo argumenta que uma verdadeira união entre o eu e o mundo pode ser alcançada no encontro estético, no interior das limitações próprias do eu e do mundo. Tillich considera que o eu não é atomizado. No mesmo volume, ele explica a interdependência polar entre a individualização (ou “criação do eu”) e a participação (ou “integração do eu”). Noutras palavras, a arte é uma actividade tão individual como integrada, tão pessoal como social. No cinema, arte colaborativa e arte de massas, estes traços tornam-se evidentes.

Sessões do Carvão: “Incómodos”

14.05.2018


16 Maio:

21h30   Um Cão Andaluz (Un chien andalou, 1929), real. Luis Buñuel | Pink Flamingos (1972), real. John Waters

23 Maio:

21h30   Nocturne (1980) | Anticristo (Antichrist, 2009), real. Lars von Trier

30 Maio:

21h30   Salò, ou os 120 dias de Sodoma (Salò o le 120 giornate di Sodoma, 1975), real. Pier Paolo Pasolini

VIII Encontro Anual AIM

14.05.2018

Ermanno Olmi (1931-2017)

07.05.2018


O Tempo Parou/Time Stood Still (Il tempo si è fermato, 1959).

Contrastes Demarcados

03.05.2018

O Colóquio Internacional “China e Portugal nas Eras Moderna e Contemporânea: Convergências e Divergências” terá lugar a 9 e 10 de Maio na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É organizado pela Universidade de Coimbra (DHEEAA-FLUC - Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e CEIS20 - Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX) e pelo Instituto Politécnico de Macau (CECSO - Centro de Estudos Culturais Sino-Ocidentais, CEUPDS - Centro de Estudos “Um País, Dois Sistemas”, e CPCLP - Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa). Participo com uma comunicação no segundo dia: “Contrastes Demarcados: Realidades Rurais e Urbanas no Cinema Português da Década de 1990”.

A Toca do Lobo

02.05.2018

A Guerra e a Paz no Cinema Libanês (3)

02.05.2018


E Agora, Onde Vamos? (W halla la wayn, 2011).

Este filme será mostrado hoje nas Sessões do Carvão, às 21h30, na Sala do Carvão, Casa das Caldeiras.

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“A Guerra e a Paz no Cinema Libanês”: (1) · (2)