O Cinema de Silas Tiny

30.06.2020


Saiu o número 6 da Vista: Revista de Cultura Visual, publicada pela SOPCOM - Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação. Foi editado em boa hora por Ana Cristina Pereira, Michele Sales, e Rosa Cabecinhas com o título “(In)Visibilidades: Imagem e Racismo” e pode ser acedido aqui. Inclui um conjunto de artigos que “mais do que dar visibilidade procura-se mostrar o quão invisível permanece uma parte substancial do visível – tornar visível a própria invisibilidade, na impossibilidade de recuperar o que foi sistemática e prolongadamente apagado”, como se pode ler na introdução. Resumi o meu contributo, “O Agora de Outrora: O Cinema de Silas Tiny”, desta forma:

Este artigo analisa a obra do cineasta documental Silas Tiny, nascido em São Tomé e Príncipe, salientando a sua importância no modo como examina criticamente o período do poder colonial português sobre regiões africanas que se libertaram dessa dominação após o 25 de abril de 1974. O argumento principal que emerge da análise das suas duas longa-metragens é o de que o seu cinema documental se constrói a partir de imagens-dialécticas, no sentido que lhe é dado por Walter Benjamin e o seu pensamento crítico. A questão que ocupa Tiny é a da superação da relação temporal entre passado e presente por uma relação dialética entre o que foi (o outrora) e o que é (o agora). Bafatá, na Guiné-Bissau, é filmada pelo realizador em Bafatá Filme Clube (2012) como uma cidade-fantasma, povoada por espectros e aparições de defuntos num local à beira da extinção. O cinema é desta forma assumido como arte espectral que liga o presente ao passado, unindo a memória à ruína. Na obra seguinte, O Canto do Ossobó (2017), Tiny lida com as suas raízes pessoais. É, em simultâneo, um reencontro com São Tomé e um encontro com a sua história — ou talvez seja um encontro com esse lugar e um reencontro com a sua história. Este filme visa descobrir e preservar reminiscências, aquilo que lembra o passado, aquilo que o pode conservar na memória, mas sempre de forma incompleta e indefinida.

Serenidade Crítica

20.06.2020

Saiu ontem no Ípsilon uma recensão ao meu mais recente livro, Escrita em Movimento: Apontamentos Críticos sobre Filmes (Lisboa: Documenta, 2020), assinada pelo Carlos Natálio, a quem agradeço a leitura muito atenta. Foi disponibiliza hoje online e pode ser lida aqui.

Visões da Luz

03.06.2020


Soube hoje que foi finalmente publicado o volume Visões da Luz, que tem por base um dos mais interessantes encontros científicos no qual participei: um colóquio verdadeiramente interdisciplinar no âmbito do Ano Internacional da Luz em 2015, organizado pelo Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra. O meu capítulo para a obra editada pelo Francisco Gil e pela Lídia Catarino tem o título “Nem Luz Pura, Nem Sombra: Nostalgia da Luz como Documentário Poético Politizado” e desenvolve o contributo que apresentei no colóquio. Em consonância com a aposta da instituição no livre acesso ao conhecimento científico, o livro está disponível na plataforma de monografias livremente acessíveis da Imprensa da Universidade de Coimbra aqui.

O Cinema de Ousmane Sembène na África Pós-Colonial

03.06.2020


Foi ontem lançado o segundo volume da colectânea Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos, editada por Michelle Sales, Paulo Cunha, e Liliane Leroux, desta vez inserido também no projecto À Margem do Cinema Português, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian. Tal como o anterior volume, este também foi publicado pela Nós por Cá Todos Bem - Associação Cultural de Guimarães, Portugal, e as Edições LCV do Rio de Janeiro, Brasil.

Escrevi um dos ensaios: “‘A Cultura É Política’: O Cinema de Ousmane Sembène na África Pós-Colonial”. A obra inclui ainda trabalhos de Ana Cristina Pereira, Clementino Jesus Junior, Catarina Andrade, Rodrigo Lacerda, Maíra Tristão, Arthur Lins, e Michelle Sales. Pode ser descarregada gratuitamente aqui.

Lançamento de Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos, Volume 2

02.06.2020


O segundo volume da colectânea Cinemas Pós-Coloniais e Periféricos vai ser lançado hoje, dia 2 de Junho, às 17h no Brasil e às 21h em Portugal. A apresentação do livro estará a cargo da equipa de organização: Michelle Sales, Paulo Cunha, e Liliane Leroux. Contará também com alguns comentários de quem escreveu os capítulos: Catarina Andrade, Clementino Junior, Ana Cristina Pereira, Rodrigo Lacerda, Maira Tristão, Arthur Lins, e eu. A versão digital e livre do livro será disponibilizada durante a sessão. O vídeo do lançamento pode ser visto em directo aqui.

Escrita em Movimento

01.06.2020


O meu novo livro já está disponível e tem de novo a chancela da Documenta. Tem o título Escrita em Movimento: Apontamentos Críticos sobre Filmes. Mais informação aqui. Deixo um excerto:

Aqui se juntam, essencialmente, artigos publicados em revistas, jornais, e num sítio electrónico. Apesar das diferenças entre estas publicações e das diferentes relações que estabeleci com elas desde o início, houve um aspecto que permaneceu igual na minha escrita para cada uma delas: pude escrever livremente, sem imposições, sem sequer pedidos, em todos os casos. Mas o firme e ousado exercício da liberdade, na crítica como na vida, não pode ser desligado das convicções sobre a arte cinematográfica, o seu valor humanista, o seu entrecruzamento estético e ético, e a sua imaginação de novas percepções. O resto das análises críticas aqui contidas seguem essa linha e têm origem em comentários que preparei para a apresentação ou discussão pública de filmes ou que escrevi quando o tempo e a vontade se conjugaram. Têm diversos tamanhos, mas podem ser todas classificadas como curtas, não ultrapassando as quatro páginas. Contas feitas por alto, esta colectânea condensa 20 anos de apontamentos críticos sobre filmes. Com a expressão apontamentos críticos pretendo sinalizar que sempre os considerei como mesclas de notas críticas sobre algumas obras de cinema às quais procurei dar alguma coerência, mas que podem ser refeitas, complementadas, desenvolvidas. Nalguns casos, foram. Têm uma marca de abertura em vez de fechamento, desta forma reflectindo o carácter inacabado das conversas em torno dos filmes. Neste sentido, esta escrita em movimento responde ao movimento próprio do cinema.

Mulheres Especulares

01.06.2020


Já foi publicado o livro editado por Jeffrey Childs, Espelhos do “Film Noir”, ainda com a data de 2019. Inclui um ensaio meu: “Mulheres Especulares: Género e Desdobramento no Neo-Noir de Brian De Palma”. José Bértolo, Guillaume Bourgois, Luís Mendonça, Jeffrey Childs, Fernando Guerreiro, Ricardo Vieira Lisboa, e José Duarte escreveram os outros capítulos. É uma obra imperdível para quem se interesse pelo film noir. Mais informação aqui.