A Identidade como Facto Colectivo em Palombella rossa

24.07.2015


Palombella rossa.

Tal como no ano passado, vou participar na AVANCA | CINEMA Conferência Internacional Cinema – Arte, Tecnologia, Comunicação como moderador, mas este ano também como conferencista. As informações sobre o evento estão disponíveis aqui.

Apresento amanhã a comunicação “A Identidade como Facto Colectivo em Palombella rossa”, que resumi desta forma:

Palombella rossa (1989) permanece uma obra fundamental na filmografia de Nanni Moretti. Esta análise do filme foca-se no tema central da identidade. Michele Apicella, alter ego do cineasta, personagem recorrente nos filmes de Moretti que faz aqui a sua última aparição, tem um acidente de automóvel e acorda amnésico. Descobre depois que é membro do Partido Comunista Italiano (PCI) e vai-se cruzando com um grupo de personagens durante um jogo de pólo aquático. Michelle reconstitui a sua identidade através destes encontros a pouco e pouco, mais através de dúvidas do que de certezas. Moretti antevia o perigo de desagregação do partido, ainda antes do fim dos estados socialistas da Europa de Leste e da dissociação da URSS dois anos depois. Crucial para entender este filme é a obra seguinte de Moretti, A Coisa (La cosa, 1990), que documenta uma série de plenários de discussão promovidos pelo PCI. O filme coloca em relação duas questões, como se elas não pudessem ser consideradas em separado: Quem é Michele Apicella? O que é ser comunista? Michele não conseguiria reconstruir a pessoa que é por si próprio. Palombella rossa apresenta a identidade como um facto colectivo através de uma estrutura alegórica que não dispensa os elementos realistas, suportada pela escrita das personagens, pela mise-en-scène, pela música, e pelo cruzamento de três sequências de imagens do passado do protagonista.